domingo, 21 de março de 2010

Auto-mutilação: A urgência do sentir





O tema escolhido é silencioso e velado, tal como se apresenta diante da sociedade e no meio familiar Os pacientes com esse transtorno fere insanamente a si mesmo, com objetivo de aliviar e transpor dor psicológica e seu tormento. A dor física entra sobrepondo a dor psíquica , proporcionando instantes de calma e alívio interno pra quem o pratica. Porém, esse mecanismo é extremamente cruel não só no aspecto físico quanto psíquico, pois a pessoa se auto-destrói.Tende a sentir-se culpada depois do ato e retorna ao seu estado de tormento. O sentimento da dor física entra como um escudo de proteção deslocando os conflitos emocionais.A auto mutilação acaba se tornando um ciclo vicioso, sendo que o sujeito mutilado sente de imediato um alívio e logo volta ao seu estado de ansiedade e raiva de si mesmo e dos outros.
As pessoas que realizam tal ato, não se vangloriam dessas atitudes , apenas não encontram outras alternativas para sobrepor as suas dores, envergonham-se e refugiam-se cada vez mais nessas atitudes, sentem-se excluídas do mundo "normal", não conseguindo pedir ajuda para o alivio de suas dores afetivas. É importante a auto-mutilação não ser confundida com o masoquismo, chantagem emocional e tentativa de suicídio.
Pesquisas relatam que a auto-mutilação é mais praticada em mulheres do que em homens, em função da educação e socialização das mesmas serem mais opressoras no aspecto de não externalizarem seus sentimentos de raiva, agressividade, mantendo portanto a "raiva dentro de si", enquanto os homens são estimulados a expressarem tais sentimentos, não tendo que recorrerem as estas condutas. Os locais mais comuns para essa prática no corpo são: pulsos, braços,coxas,e pernas, porém , a face , seios e abdômen são locais cortados com menos freqüência.
As características psicológicas marcantes desse indivíduo são :baixa auto-estima associada com intensa auto- desvalorização, hipersensibilidade à rejeição apresentando altos níveis de sentimentos agressivos (especialmente consigo), ira , alta impulsividade, alteração de humor, percepção negativa em relação ao futuro, traços depressivos, ansiedade crônica , irritabilidade freqüente, apresentando ainda recursos internos insuficientes e isolamento.

matéria está no jornal de hoje de mato grosso do sul, campo grande, escrita por Adriana Camargo do Nascimento - Psicóloga Clínica- CRP14/01893-0 - Pesquisadoras das Causas Depressivas - Convênios: IMPCG / UFMS (PAS) - Fone 383 4195



A maioria dos profissionais dizem que se cortar está relacionado com o transtorno de bordeline....a pessoa que eu conheci que acabou me influenciando a fazer pela primeira vez, tinha.
A primeira vez que eu fiz, foi pra entender o pq ela fazia isso, já que me dizia q sentia alívio..peguei uma gilete daquelas quadradas que se encaixam naqueles aparelhos de se barbear de girar e abrir...as giletes vem em caixinhas. Eu não conseguia ir fundo na minha pele...mas fiz um risco que ficou apenas laranjado....doer não doía, mas ardia. Fiz no antebraço esquerdo...não sei pq me senti o máximo por ter feito aquilo...automaticamente eu comecei a querer fazer com mais freqüência...só por fazer....até que qdo eu ficava triste, eu escrevia poesias...isso tem sido assim ha um bom tempo...mas quando a tristeza vinha por algum motivo que me angustiava e eu estava presa no trabalho sem poder resolver, começava a ficar louca tentando adivinhar o que a pessoa poderia fazer se eu não chegasse a tempo como se ela pudesse entrar em um navio e desaparecer no mundo pra sempre e eu pudesse impedir..então eu me cortava pra me equilibrar...então riscava ao lado dos outros cortes só que uma distância muito maior...
Quando contei a pessoa que praticava o que fiz... me lembro muito bem o ódio que essa pessoa ficou, mais de si mesma do que de mim, foi imenso, o fardo pela influência foi tão grande que após me dizer coisas horríveis saiu da minha vida como auto-punição...e este meu desespero foi o início de tudo...minha culpa por ter feito uma coisa errada achando que era certa...sei lá pq, achava q ela iria curtir uma companheira...fiz o que fiz para compreendê-la, ajudá-la afinal...entrei no mesmo buraco mas essa não era a intenção.



Eu estava viciada naquela pessoa, que tinha tantos problemas que preenchia meu tempo todo, precisava muito de mim, e como eu sempre quis ser psiquiatra ou algum tipo de psi... ela era meu doce vício. Este desespero da falta fez-me voltar a vida inútil e mórbida que eu levava...a dor que eu sentia era imensa..escrevia poemas sombrios chegando a cinco por uma tarde....qdo as meninas que iam trocar de turno cmg chegavam, elas viam meus desenhos cheio de sangue, morte e lágrimas..pegavam na mão pra ver direito e liam os poemas...elas ficavam assustadas, comentavam...foi assim que me tornei a "gótica"..não conseguia usar nada além de preto, pintava os olhos de preto bem largos e as unhas tbm...fui me fechando em meu silêncio profundo e afastando todo mundo de mim...eu via as pessoas com medo, indo embora...mas não conseguia abrir a boca para segurar ngm...me culpava por isso...então os cortes começaram a ir para outros lugares...o primeiro corte mais fundo foi na barriga...nos pulsos eu escondia com munhequeiras do evanescence...qdo fui para coxas eu pensei que era uma sadomasoquista....mas eu acho que não sou...rs*..(este é assunto para outro tópico..)
Bem, eu estava com depressão...não dormia mais, ficava na internet todo minuto q não estava no trb..até que cheguei ao cúmulo de atender um entregador falando o que devia, escrevendo no papel e dando pra ele ler...conclusão óbvia, me deram férias e qdo voltei perdi meu cargo de gerência. Então me enterrei em meu quarto, se minha mãe ascendesse a luz eu gritava na hora...nada de abrir janela....nada de ver ninguém...quando todos dormiam eu saia do quarto e tomava banho...mas tbm comia o que achava na geladeira, na dispensa...e voltava pro quarto e chorava, chorava, chorava...de repente notei que estava engordando muito...e eu não tive forças pra mudar a situação...não fiz nada pra mudar o quadro, só chorava, e qdo comia, chorava mais ainda...e os cortes foram cada vez mais freqüêntes...
Perguntei ao meu amigo tbm chamado "estranho" o que ele gostava de ouvir..resposta "lacrimosa".... então ouvi uma música e amei..ganhei os álbuns no aniversário e era só o que eu ouvia..minha favorita tem no final um coração batendo q pára...minha mãe foi quem mais sofreu....ela não conseguia se aproximar de mim então...ela chamou um padre pra me exorcizar..nunca vou esquecer isso....ela achava q lacrimosa era o demônio falando comigo...quando vi o padre comecei a rir....da situação...mas já tomei uma aspergida de água benta na cara...eu podia ter interpretado uma queimadura...mas eu não tinha ânimo pra isso. eu não mudei nada com isso...quando me vi 22 k mais gorda eu quis me matar, e isso era bem diferente de quando me mutilava...eu sentia o vento bater no corte, ardia e eu me sentia viva...nem lembrava de meu problema, o que é muito diferente de querer se matar...aprontei mil coisas pra obter meu fim desejado...até o cúmulo de tentar me afogar na pia do banheiro...o chão da casa da minha mãe era branco...ela acordava e já via pingos de sangue por toda casa, todo dia...conseguiram me levar no psiquiatra em três...eu não falei nada pra ele, mas só de ver meu estado, olheiras, cicatrizes...já me botou pra dormir, pelo menos minha mãe podia ficar tranquila em casa que não teria nenhuma surpresa....
Eu dei trb nesse sentido pra minha mãe.... posso escrever um livro de formas de suicídio pq foram muitas. Mas este não é o tópico, nem ele é sobre minha vida...
A auto-mutilação pode ser feita com cacos de vidro, lata de refrigerante, quebrar canetas, tesoura, abrir clipes e esquentar...qq objeto q possa cortar ou dê para fazer ponta.
Eu não sei explicar, mas todos que conheço que faziam isso era pelo mesmo motivo, sanar uma dor espiritual com uma dor física....e dá certo.
Eu cheguei no fundo do abismo...mas eu saí dele sozinha, um belo dia eu levantei, abri a janela e fui procurar trb...em dois meses eu estava empregada e então cortei as pontas do cabelo, voltei a ser mulher..tudo pq eu sempre tive como maior desejo de vida ter uma faculdade...não foi uma gorda que o espelho me mostrou, foi também uma garota vencida pela vida qnão realizou nenhum sonho, não tirou carta aos 18 anos, não entrou pra faculdade e o tempo dançava em mim...foi isso que não aceitei e resolvi mudar. Mas eu precisava de um trb pra pagar o cursinho pra entrar pra faculdade, afinal minha meta era uma federal. fiz um ano intensivo no objetivo, pagando com o salário do Frans Café..( que nota-se, amava o cheiro daquele lugar... )... eu passei na federal... UFSCAR ... 5 estrelas em psicologia, 51 por vaga, oitavo lugar...mas devido meus problemas rescentes...minha mãe não me deixou mudar de cidade...então eu sofri muito...muito mesmo....foi quando ela começou a se empenhar em me casar pra passar a responsabilidade a diante e ter paz.
Sempre fui sozinha, eu mudei minha vida por conta própria, bem como estava na escuridão por prazer. Eu acabei me viciando em mutilação...mas eu estava livre disso a muito tempo...eu fraquejei no carnaval...eu me feri..fiz um corte de 5 centímetros ao lado de meu coração...nada profundo...somente um risco...e que bom que as aulas voltaram e estou me ocupando pq assim, evito ter tempo para pensar em qq coisa ruim.
O que toda essa fase ruim fez por mim, foi deixar marcas profundas...fiquei um pouco dependente de pessoas queridas...e...o pior, minha auto-estima que jamais se reergueu...por isso eu posso dizer, mesmo com o evento do carnaval, que hoje eu estou bem...pq eu sei o quão negro meu passado foi.
eu sei que não quero voltar a ser assim, que sou esforçada e mais que isso eu tenho um lado bom, meigo, amigo, criativo, e tudo isso junto constrói o ser que eu realmente sou, ou seja, não tenho somente coisas ruins.
Não sou um monstro, não se afaste.....não tenha medo de mim.


Fonte:http://mentes.forumeiro.com/topicos-off-f3/auto-mutilacao-ou-cutting-t18.htm

2 comentários:

Marcos disse...

Compadeço-me de você, de seu sofrimento e me identifico com seus sentimentos.
Tive épocas semelhante as que descreveu, tempos de muita tristeza, solidão... desgraça.
Gostaria de dizer que existem por ai pessoas com paz dentro de si, mesmo tendo antes uma extensa capa de tristeza. São raros os momentos e leva tempo a se desenvolver isso.
Apreciar a paz que gera estar sozinho é um sentimento único - imagino que tenha experimentado intensamente essa sensação - e a melancolia vem a tona com toda a poesia que se imagina. Saiba que você é uma artista! Use suas poesias, publique-as. Pode não parecer, mas muita gente está também em momentos sombrios emocionalmente e podem apreciar bem suas palavras. Mas com um detalhe: "Fecha meu livro, se por agora. Não tens motivo nenhum de pranto."

Um grande abraço, Erceae

Obs.: É um grande feito seu compartilhar tais experiências, parabéns.

Anônimo disse...

Eu sofro deste mal desde 2008. Nunca tinha me cortado antes. O mais gozado é que comecei a me cortar quando vi as meninas do grupo que eu participava no HC (ambulatório Integrado) fazendo isso. Elas apareciam com cortes nos pulsos. Decidi fazer também. Uma delas morreu. Se suicidou, mesmo em tratamento. Fiz tratamentos desde 2003, sem resultado. Passei em vários psiquiatras. Até que em 2008 entrei no HC de SP como sendo Bipolar. Depois descobriram que eu era Borderline. O fato é que, eu engordei 30 Kg com os tratamentos medicamentosos e parei porque eu não aguentava mais. Os remédios me faziam mais mal que bem. No entanto, hoje, quando fico muito nervosa, tomo Fenergan. Vários comprimidos. Coisa que aprendi no HC também. Pois é um anti histamínico que dá sono. Porém não alivia a ansiedade, coisa que só os tarja preta podem fazer. E eu adorava tomar tarja preta e me viciei. Sou viciada até hoje, pois tenho crises de abstinência. Vício que foi induzido nos tratamentos psiquiátricos, pois até ali nunca tomava nenhum medicamento. Quando eu decidi que queria para a medicação a psiquiatra do HC me expulsou de lá. Eu estava me dando bem na psicoterapia, mas eu tinha que seguir as regras do hospital: tomar remédios + psicoterapia. Só psicoterapia não podia ser. Hoje continuo a me cortar. Meu namorado é ex-bulímico, tem vários problemas psíquicos de abuso na infância e fazia tratamento lá. Parou de vomitar, mas continua a ter problemas. O pior é que eu o AMO demais. Mas sei que ele me despeja uma carga emocional enorme. Tenho TPM também que piora os sintomas depressivos e impulsivos que tenho.
Durante a TPM nós dois brigamos muito. E eu sempre me corto, me medico com Fenergan. Já pensei seriamente me suicídio. Mas não gostaria de morrer. Pois tenho uma filha de 15 anos que não tem pai. Já estou com quase 40 anos e há 8 sem trabalho. Porque o tratamento no HC e os outros me impediram de ter uma vida normal. Eu dormia 24 horas por dia, vivia cansada, exausta, sem concentração, memória ruim, gorda, sem auto-estima. Eu não sei até que ponto os medicamentos mais atrapalham que ajudam. No meu caso acho que só taparam o sol com a peneira e provocaram danos maiores. Eu me cortei ontem. E meu nmaorado me disse q se eu fizesse isso de novo me abandonaria, pois não quer uma mulher auto-destrutiva ao lado. Tenho muito medo, pânico mesmo de ele me deixar por causa disso... Na hora do corte eu fico satisfeita. Mas o horror de ser abandonada me faz ficar pior depois que as cicatrizes aparecem...